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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Eu (nunca) pensei que todo mundo fosse filho de papai-noel


Olá,

Eu nunca gostei de boneca, minha mãe coitada, fala até hoje que todas as minhas amigas e minhas primas é que brincavam com meus brinquedos porque eu não me interessava. Entretanto, desde criança percebia que existiam algumas que poderiam ter brinquedos mais legais que os outros e que eu não poderia ter tudo o que desejasse. Se digo isso, não é para tornar minha biografia mais dramática, pelo contrário, meu propósito é o de revelar o quanto desde a infância já se está inserido em um modelo arbitrário de consumo.

Aqui na minha cidade e certamente em muitos lugares do Brasil, essa foi a semana em que o papai-noel apareceu para presentear crianças carentes dos bairros da capital. Também observei nas redes sociais a diversidade de fotos de crianças que tiveram seus desejos atendidos e foram presenteados com aquilo que desejavam e escreveram em suas cartinhas para o bom velhinho.

Toda essa movimentação me remete à uma pequena pesquisa que realizei no meio do ano com crianças da minha cidade as quais eu perguntava qual era o sonho delas. Não obstante pude observar que as respostas sempre vinham cerceadas de um ganhar e não de um se tornar, ou seja quando eu perguntava, qual era o sonho delas, me respondiam: ganhar um Xbox, ou um computador, ou um tablet. Em outras palavras, o sonho da criança era se tornar um grande consumidor!

Minha primeira conclusão foi exatamente essa, ou seja, de que estamos - nós enquanto sociedade, instituições e etc -  desde cedo ensinando as crianças a serem excelentes cidadãos consumidores e a reproduzirem padrões de consumo. 

Por outro lado, esse fenômeno é tão paradoxal, poque da mesma forma em que incentiva ao consumo, também cria distanciamentos, nos quais não será toda a criança que poderá ganhar o que quer. Esse sentimento protecionista de preservação da infância por meio de um presente, parece uma espécie de "redenção para os céus",pois, se durante o ano não se enxergam as crianças da periferia, ou levantam-se o vidro do carro, quando uma delas se aproxima para vender um doce, no final do é só doar uma boneca da barbie para alguém da periferia e me livrar de todas as mazelas de minha própria consciência. 


Feliz Natal!!!




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