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quinta-feira, 24 de março de 2011

Antropologia para Educadores - Seção Colaboradores

Em busca de um diálogo entre blogs e leitores, estamos sempre de portas abertas à colaborações. Nossos amigos do blog ALFALITTERA, enviaram um texto a meu pedido, expondo sua opinião sobre a Antropologia e a Educação.



Uma Reflexão sobre Antropologia e Educação: Contemplando o lago...
 
Educadora Alfalittera*

O ato de educar é de extrema complexidade, em razão disso, apóia-se em diferentes bases cientificas para poder realizar-se de maneira efetiva e eficiente. No que toca especificamente a educação das crianças, a necessidade de entendê-las enquanto seres históricos e culturais tem se mostrado imprescindível, principalmente quando o intuito dessa educação e seus atores passa pelo comprometimento com a transformação da sociedade. Por outro lado não é raro que educadores, especialmente os pedagogos, sintam-se costurando uma imensa colcha de retalhos, buscando construir para si uma compreensão mais global da criança. Nesse processo, as contribuições da psicologia e da biologia são destacadas, mas, não suficientes visito que para haver uma mudança de paradigma no qual a criança seja realmente o centro, exige um olhar que ultrapasse o campo do ser “bio-psiquico” e avance no sentido de entender a criança como ser participante e que infere na modelagem de uma cultura e de uma sociedade.
Diante dessa lacuna, a antropologia apresenta em seu processo de desvendamento do homem como ser sócio-cultural e histórico, perspectivas mais amplas para a compreensão da criança dentro de uma nova perspectiva de organização social. Segundo COHN (2005)**, isto é relativamente novo, inicia-se nos anos 60 quando os antropólogos começaram a perceber a importância de conhecer e compreender a infância do próprio ponto de vista da criança. O que torna a Antropologia uma nova nascente de informações e conhecimentos, pelos professores. Porém, o acesso aos conhecimentos produzidos pela Antropologia, coloca, a nosso ver, os professores diante de um desafio que é o de olhar para seus alunos e ver diante de si indivíduos, que a despeito da pouca experiência ou idade são sujeitos cujas ações e comportamentos provocam mudanças no modo de ser e viver de uma sociedade, que se vê provocada diante de cada nova geração que chega.
Muitos professores, não compreendem isto e esperam que as crianças de hoje tenham os mesmo interesses e gostos, das crianças de dez ou cinco anos passados. Esta ausência de compreensão colabora para conflitos entre gerações, dentro da escola. Enquanto muitos professores esperam ver meninas bem comportadas no pátio brincando de amarelinha ou cirandas... As meninas conversam sobre a nova série juvenil da tv ou conversando sobre moda etc...Enquanto a escola oferece carrinhos de plástico, quebra cabeças e bolas, as crianças do pré-escolar preferem conversar animadamente sobre o ultimo episódio do “Ben 10” ou jogar cartas do Pokémon.
A compreensão e a superação de possíveis conflitos só são possíveis se os professores tiverem acesso a estudos que os levem a entender o processo de evolução da vivencia da infância, percebendo que tal processo tem raízes profundas nas questões sociais, econômicas e culturais de um povo. Podemos dizer que a infância não é mais vivida da mesma maneira, simplesmente por que ela se alimenta das informações que a sociedade lhe impõe.
Logo, se as crianças de hoje estão diferentes das crianças de ontem é por que nós estamos lhe proporcionando contato com outra sociedade que não nos cabe aqui julgar se boa ou má, mas com certeza uma sociedade mutante, cujas múltiplas informações disseminadas por inúmeras fontes chegam a todo o momento exigindo que os sujeitos, pensem mais rápidos, tenham senso critico etc...
As novas gerações parecem abraçar mais rapidamente e com mais facilidade as novidades do sec. XXI. Na maioria das vezes a escola e o professor parecem estar parados no tempo, indiferentes a tudo que as ciências têm produzido de conhecimento para dar suporte à ação educativa, de modo que a antropologia/antropólogos precisam realmente estar imersos e ativos nos movimentos e ações que provoquem discussões sobre a criança e em paralelo a isto aproximar esse mesmos movimentos da realidade escolar, despertando o professor para uma realidade que até então só se faz presente nos discursos pedagógicos nos quais crianças são sujeito históricos, sociais e culturais.
Mas, e daí? Do que adianta a convicção de tal afirmativa se continuamos a tratar as crianças com seres sem voz, com um apêndice da sociedade adultocêntrica? 

*  Ana Linhares. Pedagoga. Pós graduada em Registro e Memória pela UEFS-Ba
** COHN, Clarice. Antropologia da criança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005. (Coleção passo-a-passo). 


OBS.: As idéias e opiniões expressas são de inteira responsabilidade do seu autor.

2 comentários:

  1. Lemos. E ficamos agradecidas pelo espaço.Esperamos também que essa nossa pequena reflexão provoquem outras reflexões de educadores sobre a antropologia. Obrigada Francine

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  2. Não precisa agradecer. É um prazer dialogar com outros blogs. Sintam-se em casa.

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