Veja outras formas de visualizar o blog, clicando nas opções a seguir:
Sidebar Magazine Timeslide
AVISO:
O blog Antropologia da Criança apenas divulga eventos e publicações. Procurem nas respectivas postagens o link do evento para fazer sua inscrição, bem como o link da revista para enviar seu texto - a página Contato não serve para isso.


quinta-feira, 7 de julho de 2016

[...]

I
Uma adolescente de 16 anos foi estuprada por mais de 30 homens na cidade do Rio de Janeiro. Diante desse fato o julgamento se pautou na postura da menina, no lugar onde estava (baile funk) e principalmente no que estava vestindo. Houve compartilhamento das redes sociais da jovem seguido de comentários acerca do fato de ela ter sido mãe aos 14 anos. Desde o delegado que iniciou o acompanhamento do caso, até a população alegaram que não havia estupro, pois a jovem já estava acostumada a participar de orgias sexuais. Além do mais se ela estivesse em casa não teria sido estuprada. Dias após o crime foi encontrado o celular de um garoto acusado de filmar o estupro, sendo comprovado que ela não havia sido estuprada uma vez, mas sim, duas. Em um dos videos a garota suplicava para não ser estuprada.
II
Ao descerem no ponto de ônibus mãe e filha se sentam ao meu lado. A criança devia ter cerca de três anos. A mãe estava visivelmente aborrecida com a postura da criança que insistia em sorrir para todos, inclusive para mim. Durante o pouco tempo em que estive ali, a menina tentava o tempo todo se movimentar e se divertir com qualquer coisa que ocorresse, brincando até com o vento, o que deixava a mãe extremamente aborrecida. A mãe exclama expressões como: Senta direito! Fica direito! Feche as pernas! Você é uma moça e deve se comportar.
III
No dia dois de junho, um menino de 10 anos foi morto com um tiro na cabeça durante um suposto confronto policial após a tentativa de roubar um carro na cidade do Rio de Janeiro. A policia relatou que o menino dirigia o carro ao mesmo tempo em que atirava nos policiais com uma arma de calibre 38. Seu amigo de 11 anos, parceiro no roubo, disse que a criança não estava armada. A mãe desesperada afirmou que o filho não atirava. Durante as investigações, a perícia divulgou o laudo em que afirma que a cena do crime foi adulterada e que o menino não portava arma.
IV

Em uma de minhas viagens por Mato Grosso, observo sentados nas poltronas do ônibus bem atrás de mim, uma senhora que viaja junto aos seus “netinhos”.  Um menino de cerca de 8 anos e uma menina de cerca de 4. Eles dialogavam muito sobre diversas coisas da vida, algumas delas bastantes filosóficas sobre coisas que adultos fazem, mas que relatarei  em  textos futuros. A menina falava sobre várias coisas, sendo até apelidada de “matraquinha”. Em certo momento da viagem, do lado oposto da pista na qual estávamos, visualizamos três veículos parados a saber: um carro popular, uma ambulância e um carro da polícia. Ao observar a cena todos os passageiros do ônibus ficaram curiosos em saber o que teria ocorrido, no entanto a menininha sabiamente observou: dever ter alguém morto né vó, onde tem policia, tem morte.